quinta-feira, 29 de junho de 2017

QUESTIONÁRIO I ESTUDOS DISCIPLINARES X


Pergunta 1
1.    

a.         Na primeira imagem existe uma idealização de Lampião enquanto no cordel existe uma visão realista.
b.         Em ambos a visão é realista.
c.         Em ambos existe uma romantização de Lampião como herói popular.
d.         Na primeira imagem Lampião se vangloria de ser procurado pelo governo, na segunda se ressente.
e.         Ambas imagens são produtos históricos, sendo a primeira é construída a partir de uma compreensão oficial do Estado e a segunda de setores populares não alinhados ao discurso governamental.

Pergunta 2
1.         “Na década de 1930, três importantes obras sobre a formação brasileira foram produzidas: Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, e A evolução política do Brasil, de Caio Prado Júnior. [...] As três obras mostram visões diferenciadas sobre a formação da sociedade brasileira. O mito da democracia racial aparece na obra de Freyre, autor que tratou de quebrar a ideia, corrente na época, de que a superioridade racial de brancos era inquestionável. Autores como Oliveira Viana e Nina Rodrigues, com forte influência do biologismo, defendiam o branqueamento da população. A visão de Freyre propôs harmonizar contrários étnicos e culturais. Na abertura de Casa-grande e senzala, um poema do próprio autor mostra a visão que norteia sua análise: “Eu ouço as vozes/ eu vejo as cores/ eu sinto os passos/ de outro Brasil que vem aí/ mais tropical/ mais fraternal/ mais brasileiro”. Ao mostrar a miscigenação, o autor assume uma visão de certa forma idealizada, sem destacar aspectos da dominação embutida no processo. De acordo com o sociólogo, fatores como as relações estreitas entre senhores e escravos impediram o surgimento de categorias raciais rígidas no Brasil e a miscigenação continuada das três raças (brancos, negros e índios) levaria a uma meta-raça brasileira. Sob essa perspectiva, o racismo no Brasil não teria se desenvolvido da mesma forma que em outros países. Surge, então, a visão estereotipada de que o Brasil é resultado da miscigenação harmônica entre diferentes etnias e de que não há preconceito na sociedade brasileira. A ideia de visão estereotipada de História significa

a.         a não compreensão de discussões históricas relevantes para a sociedade e o apego à pseudoverdades, que falseiam as possibilidades de compreender as características do outro, posto que ele é visto com o uso de categorias externas a ele.
b.         que a não compreensão vem da falta de estudos, uma vez que, ao se estudar, sempre os estereótipos são desfeitos e os enganos superados.
c.         a necessidade de se reafirmarem valores tradicionalistas, embasados em práticas consagradas e por isso mesmo frutos de visões reais da história.
d.         que a ideia de existência de preconceitos na sociedade brasileira é fruto de racismos muito pontuais e específicos e de discursos de ódio pautados por ideias de exploração muitas vezes não comprovadas historicamente. 
e.         a inexistência de confusões de olhares, uma vez que o conhecimento é objetivo e neutro, não cedendo jamais a pontos de vista particulares e específicos.

Pergunta 3
1.         A escassez de testemunhos sobre o comportamento e as atitudes das classes subalternas do passado é com certeza o primeiro – mas não o único – obstáculo contra o qual as pesquisas históricas do gênero se chocam. Porém, é uma regra que admite exceções. Este livro conta a história de um moleiro friulano, Domenico Scandella, conhecido como Menocchio – queimado por ordem do Santo Ofício, depois de uma vida transcorrida em total anonimato. A documentação dos dois processos abertos contra ele nos dá um quadro de suas ideias e sentimentos, fantasias e aspirações. Outros documentos nos fornecem indicações sobre suas atividades econômicas, sobre a vida de seus filhos. Temos também algumas páginas escritas por ele mesmo e uma lista parcial de suas leituras (sabia ler e escrever). Gostaríamos, é claro, de saber muitas outras coisas sobre Menocchio. Mas o que temos em mãos já nos permite reconstruir um fragmento do que se costuma denominar “cultura das classes subalternas”, ou ainda “cultura popular”.
GINZBURG, C. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p.16 (com adaptações).

Sobre o exposto, pode-se afirmar que:

a.         é possível se estudar História por meio uma multiplicidade de fontes, tradicionais ou não, que dão conta de diversos aspectos da vida em sociedade e que o uso dos documentos depende dos interesses de quem faz os questionamentos e do sentido em que se olha, no caso, fragmentos ligados às classes populares.
b.         Para se estudar História é preciso escolher bem as fontes, preferencialmente as clássicas, abordadas em estudos consagrados.
c.         As fontes de História devem ser trabalhadas segundo rigorosos critérios analíticos que possibilitem estabelecer padrões e recorrências em alguns setores sociais que serão utilizados como formas de generalização para todos os setores sociais.
d.         Nem todos os documentos de origem popular são válidos, apenas aqueles que são comprovadamente autênticos e chancelados pelas autoridades.
e.         Os interesses sobre os documentos não dependem de quem estuda, mas exclusivamente dos conteúdos existentes nessas fontes.

Pergunta 4
1.         Com as reformas vieram as justificativas da salvação pela fé; a livre interpretação da Bíblia; a aceitação de apenas dois sacramentos (batismo e eucaristia); a defesa da consubstanciação (presença espiritual de Cristo na Eucaristia), que rejeita a tese católica da transubstanciação (o pão e o vinho transformados em corpo e sangue de Cristo); a utilização da língua nacional para a celebração do culto; a submissão da Igreja ao Estado e a negação do culto às imagens dos santos e da Virgem. Esses tratam-se de elementos fundamentais da Reforma:
 
a.         Anglicana.
b.         Calvinista.
c.         Puritana.
d.        Luterana.
e.         Católica.

Pergunta 5
1.         Como afirma Hobsbawn (1975), “o ponto básico a respeito dos bandidos sociais é que são proscritos rurais, encarados como criminosos pelo senhor e pelo Estado, mas que continuam a fazer parte da sociedade camponesa e são considerados por sua gente como heróis, como campeões, vingadores, paladinos da Justiça, talvez até como líderes da libertação e, sempre, como homens a serem admirados, ajudados e apoiados. É essa ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o ladrão que torna o banditismo social interessante e significativo.”
A partir do exposto, pode-se afirmar que:

a.         A visão legalista oficial é a mais correta, pois leva em consideração preceitos discutidos e aceitos por toda a sociedade.
b.         De acordo com Hobsbawm, tratam-se de criminosos comuns, sem qualquer interesse para os estudos históricos.
c.         Na sociedade existem visões discordantes sobre eventos aparentemente simples, uma vez que a construção do que é crime e de quem é criminoso implica em valores de determinados grupos dominantes, mas também na reação de outros marginalizados.
d.         Não existe ligação entre os rebeldes e os camponeses, pois o camponês humilde procura viver dentro das leis para evitar problemas com a Justiça.
e.         A simples adoção de uma visão legalista, considerando os cangaceiros apenas bandidos comuns não explica aspectos essenciais das sociedades nas quais estiveram presentes e isso dificulta a construção de explicações consistentes e não simplistas acerca de sua História.

Pergunta 6
1.         Considere o exposto e responda ao que se pede.
“A micro-história, da qual Carlo Ginzburg é um dos principais nomes, ganhou expressão na década de 1980, principalmente na Itália. Ela propõe a análise histórica a partir de observações de situações específicas, com a exploração exaustiva das fontes. Os pesquisadores costumam focar aspectos da vida cotidiana de indivíduos anônimos ou de comunidades, reconstruindo microcontextos. O estudo de casos específicos, por indução, permite a reconstrução e a compreensão de uma sociedade em determinada época. Essa abordagem valoriza a redução na escala de observação do historiador e opõe-se à historiografia do século XIX, como a positivista e a historicista, que visavam à objetividade do relato histórico”. A ideia de análise histórica que melhor define o trabalho de Ginzburg é:

a.         A história totalizante científica.
b.         A meta-história generalizante.
c.         A micro-história vale-se de um método cirúrgico de análise.
d.         A macro-história com um método amplo de análise.
e.         A história positivista cientificista.

Pergunta 7
1.         O século XIX foi um momento de muitas referências históricas e assim “na Europa, a época medieval foi fonte de inspiração para vangloriar a cultura e a identidade nacional. No caso do Brasil, que não viveu a época medieval, esse sentimento de enaltecer o passado e as origens voltou-se para os índios (Indianismo), o que marcou principalmente a primeira geração de escritores e uma parte da produção de José de Alencar, por exemplo. A partir da leitura do exposto, pode-se afirmar que:

a.         a cultura histórica pode ser apropriada por determinados grupos em momentos específicos, gerando mitos nacionais. Isso contribui para a construção de imaginários bastante distintos dos elementos históricos presentes na historiografia, mas que também representam um momento da História.
b.         apenas em casos muito específicos é que existem apropriações históricas e o exemplo do texto é único na História do Brasil.
c.         o Brasil teve sim passado medieval, apenas os estudos históricos que trabalharam o feudalismo no novo mundo caíram em desuso no século XIX.
d.         não existe qualquer ligação entre o herói medieval e o indígena, pois eles jamais se encontraram, historicamente falando.
e.         a construção de imaginários históricos e sociais sempre decorre de manipulações conscientes de conteúdos visando objetivos muito específicos, não guardando relações com o momento presente, em que o discurso é feito apenas com o passado que é referido.

Pergunta 8
1.         Quando consideramos as Reformas Religiosas, é preciso cuidado com generalizações. Elas são múltiplas e ocorrem em diversas instituições, inclusive na Igreja Católica. Para além das medidas objetivas adotadas em cada religião, podemos considerar a relevância das mudanças no sentido social, vale dizer, histórico. Assinale a alternativa correta.

a.         As Reformas inserem-se no contexto de transformações medievais, da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média, quando a Igreja Católica se reestruturou e se reforçou como instituição.
b.         As Reformas não têm qualquer ligação com a ascensão da burguesia, uma vez que são movimentos exclusivamente religiosos.
c.         As Reformas, apenas dos confrontos iniciais, perderam rapidamente a capacidade de modificar visões de mundo e se cristalizaram em visões tradicionalistas.
d.        As Reformas se inserem em um contexto de transição que marcou o início da Idade Moderna, quando houve uma ampliação nas explicações religiosas e também uma intensificação de confrontos entre olhares antagônicos, tais como guerras de religião e também perseguições no interior de países europeus.
e.         As Reformas se inserem no contexto de final da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, quando a burguesia já possuía poder social e passava a desejar o poder político pertencente à Igreja Católica Apostólica Romana.

Pergunta 9
1.         Sant´Ana (2005)  levantou pontos que se evidenciam em livros didáticos:
- nas ilustrações e nos textos, o negro pouco aparece e, quando aparece, é representado em uma situação inferior à do branco;
- pouco se ilustra sobre a família negra;
- o discurso predominante é o de que a raça branca é mais bonita e mais inteligente;
- índios e negros geralmente são citados no passado, como se não existissem;
- os textos de História e de Estudos Sociais limitam-se a referências sobre as contribuições tradicionais dos povos africanos.
No entanto, na atualidade existem muitas discussões e de acordo com Silva (2001), “os currículos, programas, materiais e rituais pedagógicos privilegiam os valores europeus em detrimento dos valores de outros grupos étnico-raciais presentes na sociedade. Os valores desses grupos são, na maioria das vezes, ocultados ou apresentados de uma forma tal que não coloque em conflito os valores dominantes. Em consequência, as populações excluídas podem vir a privilegiar os valores da história e cultura oficial como os únicos a serem considerados, renegando os seus próprios valores, se o processo pedagógico, o seu cotidiano e a sua cultura não favorecer-lhes oportunidades de reflexão e reelaboração. “ Os PCN têm procurado superar tanto o discurso preconceituoso quanto o da democracia racial e consideram que a educação democrática deve se basear no estudo da diversidade étnica e no respeito às diferenças. Para que haja o respeito, é necessário conhecer as contribuições das diversas culturas. A Lei n. 10.639/2003 procurou valorizar os processos históricos de resistência negra, estabelecendo a obrigatoriedade em todas as redes de ensino, público e particular, o estudo da temática “história e cultura afro-brasileira”. Determinou, ainda, uma revisão dos currículos a fim de adequá-los às novas exigências (BRASIL, 2003).

Podemos considerar que a  “Pluralidade Cultural” passou

a.         a fazer parte dos modernos materiais, mas não dos discursos dos professores.
b.         a fazer de parte de conteúdos específicos nos conteúdos de algumas escolas.
c.         a ser um tema transversal nas escolas.
d.         a ser um tema opcional nas escolas.
e.         a ser objeto de preconceito por parte de alguns educadores que se sentem obrigados a aceitar “nomes da moda”.

Pergunta 10
1.         Segundo Bosi (2006), “o romance colonial de Alencar e a poesia indianista de Gonçalves Dias nascem da aspiração de fundar, em um passado mítico, a nobreza recente do país, assim como – mutatis mutandis – as ficções de W. Scott e de Chateaubriand rastreavam, na Idade Média feudal e cavaleiresca, os brasões contrastados por uma burguesia em ascensão”. Considerando essas observações, pode-se afirmar que,

a.         o fenômeno é exclusivo do Brasil.
b.        o fenômeno não é exclusivo do Brasil.
c.         o Brasil sempre imita a Europa em todos os seus aspectos, não guardando jamais quaisquer traços originais.
d.         a nobreza do Império não precisava se afirmar socialmente.
e.         A burguesia em ascensão no Brasil se fazia retratar como indígenas para reivindicar seu direito de controlar politicamente o Brasil e assim expulsar todos os nobres que não trabalhavam.

QUESTIONARIO II ESTUDOS DICIPLINARES X


Pergunta 1
1.         A ideia de multitemporalidade indica:

a.         A necessidade de multiplicar as mesmas observações lineares da história.
b.         A ideia de usar as mesmas ferramentas instrumentais, apenas mudando os nomes, daí multi.
c.         Desconsideram-se as noções de mudanças e permanências.
d.        As novas abordagens históricas não adotam o conceito de tempo linear e cronológico, voltando-se para as mudanças e as permanências; e, além disso, a perspectiva temporal deixou de ser única.
e.         A perspectiva temporal foi completamente abandonada.

Pergunta 2
1.         A partir de estudos sobre a sociedade romana, Paul Veyne (1990) afirma que “encontramos em toda a parte o que constitui o tormento dos libertos, sua incerteza quanto ao lugar que realmente ocupam na sociedade; a escala das condições sociais não se confundia com a hierarquia dos estatutos, e os libertos se situam nesse desajuste. Sofrem de falta de legitimação. Têm a vida luxuosa que lhes permite sua opulência; em Roma, os túmulos custosos, com retratos esculpidos, eram seus, quando não dos nobres; por suas vestes, clientes, escravos, libertos, jantares, imitam a alta sociedade, mas com a impossibilidade de nela ingressar, pois, semicidadãos que são, não têm tal direito. O ‘Satiricon’, de Petrônio, pinta com cruel lucidez sua existência de imitação. [...] E a alta sociedade acha que sua imitação é sempre falha e ridiculamente traem-lhes a pretensão e a tara: esnobe, esnobe e meio [...]”. Sobre isso, pode-se afirmar que:

a.         Os romanos não problematizavam sua sociedade.
b.         Para os romanos, bastava enriquecer que a mudança social estava garantia, junto com a aceitação de todos.
c.         Para os romanos, a organizaço social era complexa e atrelada a condições jurídicas inflexíveis.
d.         A imitação é respeitada em todas as classes romanas, pois assim o modelo romano é perpetuado.
e.         Não existia a noção de semicidadãos, ou era romano com plenos direitos ou era escravo sem direitos.

Pergunta 3
1.         Considerando os processos de colonização e de independência no Novo Mundo americano, podemos afirmar corretamente que:

a.         São idênticos, diferenciando-se depois no decorrer do século XIX.
b.         São fundamentalmente distintos e isso determinou os caminhos históricos dos países de fala inglesa e os latinos.
c.         A colonização de povoamento era melhor que a de exploração, por isso os EUA se desenvolveram e o Brasil, não.
d.         As colonizações foram distintas, mas as independências foram muito semelhantes e, assim, não podem ser tomadas como explicações válidas.
e.         Apesar de semelhanças, existem especificidades que não devem ser escondidas sob palavras de ordem ou aparentes conceitos explicativos e totalizantes, sendo necessário buscar dinâmicas internas e complexas ao invés de reduções muito simplificadoras.

Pergunta 4
1.         Leia o texto a seguir e responda ao que se pede:
Ao se problematizar a produção do conhecimento histórico, as representações do tempo, do passado e da ciência com que operamos, um novo conceito de temporalidade se tornou possível: não mais de um tempo definido aprioristicamente, em que o historiador inscreveria os acontecimentos, como num filme linear, mas o tempo da experiência, do acontecimento em sua singularidade, o que torna possível perceber que há diferença na repetição e que trabalhamos com a multitemporalidade, em vez de restringirmo-nos a uma temporalidade única. (ROSSI, V. L. S; ZAMBONI, E. Quanto tempo o tempo tem!. 2. ed. Campinas: Alínea, 2005 – com adaptações).
De acordo com o exposto, podemos concluir que:

a.         O tempo que o historiador deve se referir é o cronológico.
b.         As explicações lineares são boas por serem familiares do grande público e, assim, dão segurança aos historiadores.
c.         O tempo é mais complexo do que as explicações lineares e que se apoiam em visões que se pretendem ser objetivas e científicas, mas que desconsideram a necessidade de se permitir ser influenciado por diversas maneiras de explicar as histórias.
d.         Não deveriam existir várias maneiras de explicar história, pois isso confunde os estudantes e os professores. 
e.         A visão positivista dá segurança analítica, pois o aluno consegue situar os eventos em uma única linha, não se perdendo em diferentes referências que questionam os conteúdos já decorados.

Pergunta 5
1.         Na segunda metade do século XX, Braudel consolidou a Escola de Annales e tornou-se o principal historiador francês e um dos precursores da teoria dos sistemas-mundo. De acordo com Peter Burke (1997), Braudel realiza um movimento de “combinar um estudo da longa duração com o de uma complexa interação entre o meio, a economia, a sociedade, a política, a cultura e os acontecimentos”. Segundo Braudel, todas as estruturas estão sujeitas a mudanças, mesmo que lentas, e a visão do historiador deve ser ampla. A mudança de interesses dos intelectuais dos Annales, da base econômica para a superestrutura cultural, foi intitulada por Burke como um movimento “do porão ao sótão”. Na terceira geração, outros nomes importantes, como Jacques Le Goff, construíram o que ficou conhecido como “Nova História”. Nessa perspectiva, surge a história das mentalidades. Assinale a alternativa correta.

a.         A história das mentalidades se define pelo contato com outras Ciências Exatas e pela separação entre o individual e o coletivo.
b.        A história das mentalidades não se define somente pelo contato com as outras Ciências Humanas e pela emergência de um domínio repelido pela história tradicional. Situa-se no ponto de junção do individual e do coletivo, do longo tempo e do cotidiano.
c.         A história das mentalidades não se define somente pelo contato com as outras Ciências Humanas, mas pela aceitação da história tradicional. Situa-se no ponto de divergência do individual e do coletivo.
d.         Ela desconsidera temporalidades e coletividades, trabalhando especificamente os indivíduos.
e.         Ela teve pouca relevância no Brasil, uma vez que a matriz principal de nossa intelectualidade acadêmica é norte-americana, muito distante desse pensamento das mentalidades.

Pergunta 6
1.         O conhecimento histórico pode ser construído com base em diferentes abordagens e formulações. Assim, as teorias da história estudam as concepções em que se fundamentam as análises do passado. A primeira concepção de história foi inspirada no Positivismo, de Auguste Comte, e pregava a construção do passado por meios dos documentos oficiais, com foco nos grandes acontecimentos e figuras. No início do século XX, historiadores como Lucien Lebvre e Marc Bloch defenderam uma visão não positivista da história e organizaram uma revista intitulada “Annales d’histoire économique et sociale”. Os artigos publicados nesse veículo tinham em comum a proposta de uma nova abordagem histórica e geraram um movimento que ficou conhecido como “Escola dos Annales”. Sobre a Escola dos Annales, de maneira geral, podemos afirmar que:

a.         Nessa perspectiva, a história procurou se isolar de outras áreas, ignorando influências externas.
b.        Nessa perspectiva, a história procurou dialogar com outras áreas, principalmente com as Ciências Sociais.
c.         Foi uma retomada do pensamento científico no século XIX, nos mesmos moldes positivistas.
d.         Foi uma inovação marcada por influências técnicas de áreas de Ciências Exatas, exclusivamente quantitativistas.
e.         O uso dos documentos oficiais foi a única fonte aceita pelos historiadores dos Annales.

Pergunta 7
1.         Paul Veyne (1990) aponta três possíveis causas para que um indivíduo se tornasse escravo na sociedade romana: ser prisioneiro de guerra, ser escravo por nascença ou se tornar escravo por miséria. Assim, podemos afirmar que:

 a.        A escravidão na época era de origem racial como mais tarde ocorreu em outras sociedades.
b.        A escravidão na época não era de origem racial como mais tarde ocorreu em outras sociedades.
c.         A escravidão na época não era comum entre os romanos ricos.
d.         A escravidão romana era rara e pouco interferiu na realidade social da República e do Império.
e.         Veyne separa hierarquicamente essas causas de escravidão, concluindo ser a escravidão de origem racial presente e importante, não tanto quanto prisioneiros de guerra, mas também significativa.

Pergunta 8
1.         “A partir de 1930 ocorreu uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais. Desde cedo, o novo governo tratou de centralizar em suas mãos tanto as decisões econômico-financeiras quanto as de natureza política. Desse modo, passou a arbitrar os diversos interesses em jogo. O poder de tipo oligárquico, baseado na força dos Estados, perdeu terreno. As oligarquias não desapareceram, nem o padrão de relações clientelistas deixou de existir. Um novo tipo de Estado nasceu após 1930, distinguindo-se do Estado oligárquico.” (FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002, p. 182)
A partir do exposto, assinale a alternativa que melhor caracteriza os poderosos membros dessas oligarquias antes de 1930:

a.         O coronelismo com uso da violência e da influência pessoal de grandes proprietários rurais nos Estados.

b.         O coronelismo com o fortalecimento dos militares no Brasil republicano.
c.         O tenentismo como reafirmação dos poderes dos coronéis estaduais.
d.        O uso do poder pessoal baseado na influência do carisma e na aceitação da ajuda dos coronéis.
e.         Cada estado era completamente diferente um do outro, não existindo um possível padrão políticos entre eles.

Pergunta 9
1.         “A partir de 1930 ocorreu uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais. Desde cedo o novo governo tratou de centralizar em suas mãos tanto as decisões econômico-financeiras quanto as de natureza política. Desse modo, passou a arbitrar os diversos interesses em jogo. O poder de tipo oligárquico, baseado na força dos Estados, perdeu terreno. As oligarquias não desapareceram, nem o padrão de relações clientelistas deixou de existir. Um novo tipo de Estado nasceu após 1930, distinguindo-se do Estado oligárquico.”
(FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002, p. 182)
A principal característica do Estado após 1930 quanto à relação com os trabalhadores era:

a.         Vargas derrubou as oligarquias e, desde o início de seu poder, reprimiu violentamente os trabalhadores urbanos.
b.         Vargas incorporou os trabalhadores em condição de igualdade social e econômica, para diminuir as tensões sociais.
c.         Vargas “teve por objetivos principais reprimir os esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana fora do controle do Estado e atraí-la para o apoio difuso ao governo”, concedendo direitos e controlando os trabalhadores.
d.         Vargas ignorou completamente as demandas trabalhistas, concedendo uns poucos direitos, extintos logo em seguida.
e.         Vargas incorporou tantos direitos trabalhistas que rapidamente foi acusado de comunista.

Pergunta 10
1.         “Pronto! A explicação é perfeita! Somos pobres porque fomos fundados pela escória da Europa! Os Estados Unidos são ricos porque tiveram o privilégio da colonização de alto nível da Inglaterra. Adoramos explicações polares: Deus e o diabo, povoamento e exploração, preto e branco. Os livros didáticos consagram isso e o bloco binário povoamento-exploração penetrou como um amplo e lógico conceito em muitos corações. Os EUA foram destinados por Deus ao sucesso e os latinos condenados ao fracasso pelo peso da origem histórica. Ambos deixavam de ser agentes históricos para serem submetidos ao peso insuperável da vontade divina e da carga do passado.”
(KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010, p. 26)
Leandro Karnal problematiza o modelo de abordagem dicotômica, recorrente nos conteúdos didáticos, envolvendo as colonizações ibérica e inglesa e os respectivos padrões de exploração e de povoamento implementados pela metrópole no continente. Seguindo a lógica do autor, é possível superar essa dicotomia com:

a.         Uma abordagem não simplista que deve considerar o papel de agentes históricos em redes complexas de fatores e acontecimentos.
b.         Mais estudos psicológicos acerca do caráter brasileiro e do caráter norte-americano.
c.         Uma abordagem mais moderna e que considera, por exemplo, aspectos ocultos para o grande público e que apenas dos intelectuais treinados são capazes de compreender.
d.         A aceitação da superioridade norte-americana.
e.         A recusa absoluta de se discutir esses aspectos que são apenas preconceitos sedimentados.

QUESTIONARIO TI ESTUDOS DICIPLINARES X

Pergunta 1
1.         No contexto da aurora da modernidade, a Reforma Calvinista:

a.         Quebrou o monolitismo católico na Europa ocidental.
b.         Ignorou anseios burgueses capitalistas.
c.         Entrou em acordo com a Igreja Católica rapidamente.
d.         Pregou a salvação pela fé.
e.         Estabeleceu o tribunal do Santo Ofício.

Pergunta 2
1.         Para Hobsbawn, o que torna o cangaceiro atraente aos olhos populares?

a.         A aliança do cangaço com fazendeiros.
b.         A derrota do governo pelos cangaceiros.
c.         A aliança dos cangaceiros com a Igreja.
d.        A ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o ladrão.
e.         O poder político dos cangaceiros.

Pergunta 3
1.         “Caíram os quadros oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais.” A partir de 1930, isso significou:

a.         A manutenção da velha ordem.
b.         A modernização do Estado dentro de padrões oligárquicos.
c.         A modernização do Estado fora dos padrões oligárquicos coronelísticos anteriores.  
d.         A construção do Estado comunista.
e.         A muito rápida aceleração industrial na década de 1930.

Pergunta 4
1.         “Não mais de um tempo definido aprioristicamente, em que o historiador inscreveria os acontecimentos, como num filme linear, mas o tempo da experiência, do acontecimento em sua singularidade, o que torna possível perceber que há diferença na repetição”
(ROSSI, V. L. S; ZAMBONI, E. Quanto tempo o tempo tem!. 2. ed. Campinas: Alínea, 2005 – com adaptações).
De acordo com o exposto, podemos concluir que:

a.         Pode-se trabalhar na perspectiva da multitemporalidade.
b.         Pode-se trabalhar na perspectiva da unitemporalidade. 
c.         Pode-se trabalhar na perspectiva da linear histórica.
d.         Na repetição é tudo idêntico.
e.         Jamais qualquer aspecto se repete.

Pergunta 5
1.         Em sua obra “Satiricon”, Petrônio trata dos libertos que “sofrem de falta de legitimação. Têm a vida luxuosa que lhes permite sua opulência; em Roma, os túmulos custosos, com retratos esculpidos, eram seus, quando não dos nobres; por suas vestes, clientes, escravos, libertos, jantares, imitam a alta sociedade, mas com a impossibilidade de nela ingressar, pois, semicidadãos que são, não têm tal direito. O “Satiricon”, de Petrônio:

a.         É apenas uma comédia.
b.         Pinta com cruel lucidez a existência da escravidão.
c.         Pinta com nenhuma lucidez sua existência de imitação.
d.         Pinta com cruel lucidez sua existência de imitação. 
e.         Pinta com alegria a riqueza em Roma.

Pergunta 6
1.         Ginzburg diz em “O queijo e os vermes”, “Este livro conta a história de um moleiro friulano, Domenico Scandella, conhecido como Menocchio – queimado por ordem do Santo Ofício, depois de uma vida transcorrida em total anonimato. A documentação dos dois processos abertos contra ele nos dá um quadro de suas ideias e sentimentos, fantasias e aspirações. Outros documentos nos fornecem indicações sobre suas atividades econômicas, sobre a vida de seus filhos. Temos também algumas páginas escritas por ele mesmo e uma lista parcial de suas leituras (sabia ler e escrever)”.
Como esses elementos o autor conclui que:

a.         Não é possível escrever história com tão poucos elementos.
b.         Esse tipo de explicação sempre será incompleta.
c.         O termo cultura popular nesse caso é pejorativo.
d.        O que temos em mãos já nos permite reconstruir um fragmento do que se costuma denominar “cultura das classes subalternas” ou, ainda, “cultura popular”.
e.         A partir da cultura popular, Ginzburg ignora a importância de outros grupos.

Pergunta 7
1.         “Pronto! A explicação é perfeita! Somos pobres porque fomos fundados pela escória da Europa!
Os Estados Unidos são ricos porque tiveram o privilégio da colonização de alto nível da Inglaterra.”
(KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010 p. 26).
A frase inicial de Karnal indica:

a.         Concordância do autor.
b.         Dúvida do autor.
c.         Indiferença do autor.
d.         Racismo do autor.  
e.         Crítica do autor. 

Pergunta 8
1.         Os trabalhos de Carlo Ginzburg podem ser inscritos como micro-história. Uma de suas características é:
 
a.         Serem exclusivamente políticos.
b.         Escrever pouco.
c.         Que pesquisadores costumam focar aspectos da vida cotidiana de indivíduos anônimos ou de comunidades, reconstruindo microcontextos. 
d.         Ignorarem a vida cotidiana.
e.         Relativizarem quaisquer valores de quaisquer sociedades.

Pergunta 9
1.         Um marco político do regime estabelecido por Vargas, em 1930, foi:

a.         Desde cedo, o novo governo tratou de centralizar em suas mãos tanto as decisões econômico-financeiras quanto as de natureza política. Desse modo, passou a arbitrar os diversos interesses em jogo.
b.         Vargas demorou vários anos para se firmar como líder de todos os brasileiros, sendo constantemente atacado por São Paulo até a década de 1940.
c.         Vargas buscou no povo comum pessoas para construir o novo governo.
d.         Foi mantida a descentralização do Poder Executivo.
e.         Vargas se concentrou na política e se isentou de quaisquer outras discussões.

Pergunta 10
1.         Na abertura de “Casa-grande e senzala”, um poema do próprio autor (Gilberto Freyre) mostra a visão que norteia sua análise: “Eu ouço as vozes/ eu vejo as cores/ eu sinto os passos/ de outro Brasil que vem aí/ mais tropical/ mais fraternal/ mais brasileiro”. Isso pode ser interpretado como:

a.         Fruto do fracasso dos debates em história.
b.         Crítica à existência da miscigenação.
c.         Apologia do branqueamento.
d.        Mostra a miscigenação; o autor assume uma visão de certa forma idealizada, sem destacar aspectos da dominação embutida no processo.

e.         Uma retomada do pensamento de Tom Jobim.