Pergunta 1
1.
a. Na primeira imagem
existe uma idealização de Lampião enquanto no cordel existe uma visão realista.
b. Em ambos a visão é
realista.
c. Em ambos existe uma
romantização de Lampião como herói popular.
d. Na primeira imagem
Lampião se vangloria de ser procurado pelo governo, na segunda se ressente.
e. Ambas imagens são produtos históricos, sendo a primeira é
construída a partir de uma compreensão oficial do Estado e a segunda de setores
populares não alinhados ao discurso governamental.
Pergunta 2
1. “Na década de 1930,
três importantes obras sobre a formação brasileira foram produzidas:
Casa-grande e senzala, de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque
de Holanda, e A evolução política do Brasil, de Caio Prado Júnior. [...] As
três obras mostram visões diferenciadas sobre a formação da sociedade
brasileira. O mito da democracia racial aparece na obra de Freyre, autor que
tratou de quebrar a ideia, corrente na época, de que a superioridade racial de
brancos era inquestionável. Autores como Oliveira Viana e Nina Rodrigues, com
forte influência do biologismo, defendiam o branqueamento da população. A visão
de Freyre propôs harmonizar contrários étnicos e culturais. Na abertura de
Casa-grande e senzala, um poema do próprio autor mostra a visão que norteia sua
análise: “Eu ouço as vozes/ eu vejo as cores/ eu sinto os passos/ de outro
Brasil que vem aí/ mais tropical/ mais fraternal/ mais brasileiro”. Ao mostrar a
miscigenação, o autor assume uma visão de certa forma idealizada, sem destacar
aspectos da dominação embutida no processo. De acordo com o sociólogo, fatores
como as relações estreitas entre senhores e escravos impediram o surgimento de
categorias raciais rígidas no Brasil e a miscigenação continuada das três raças
(brancos, negros e índios) levaria a uma meta-raça brasileira. Sob essa
perspectiva, o racismo no Brasil não teria se desenvolvido da mesma forma que
em outros países. Surge, então, a visão estereotipada de que o Brasil é
resultado da miscigenação harmônica entre diferentes etnias e de que não há
preconceito na sociedade brasileira. A ideia de visão estereotipada de História
significa
a. a não compreensão de discussões históricas relevantes para a
sociedade e o apego à pseudoverdades, que falseiam as possibilidades de
compreender as características do outro, posto que ele é visto com o uso de
categorias externas a ele.
b. que a não compreensão
vem da falta de estudos, uma vez que, ao se estudar, sempre os estereótipos são
desfeitos e os enganos superados.
c. a necessidade de se
reafirmarem valores tradicionalistas, embasados em práticas consagradas e por
isso mesmo frutos de visões reais da história.
d. que a ideia de
existência de preconceitos na sociedade brasileira é fruto de racismos muito
pontuais e específicos e de discursos de ódio pautados por ideias de exploração
muitas vezes não comprovadas historicamente.
e. a inexistência de confusões
de olhares, uma vez que o conhecimento é objetivo e neutro, não cedendo jamais
a pontos de vista particulares e específicos.
Pergunta 3
1. A escassez de
testemunhos sobre o comportamento e as atitudes das classes subalternas do
passado é com certeza o primeiro – mas não o único – obstáculo contra o qual as
pesquisas históricas do gênero se chocam. Porém, é uma regra que admite
exceções. Este livro conta a história de um moleiro friulano, Domenico
Scandella, conhecido como Menocchio – queimado por ordem do Santo Ofício,
depois de uma vida transcorrida em total anonimato. A documentação dos dois
processos abertos contra ele nos dá um quadro de suas ideias e sentimentos,
fantasias e aspirações. Outros documentos nos fornecem indicações sobre suas atividades
econômicas, sobre a vida de seus filhos. Temos também algumas páginas escritas
por ele mesmo e uma lista parcial de suas leituras (sabia ler e escrever).
Gostaríamos, é claro, de saber muitas outras coisas sobre Menocchio. Mas o que
temos em mãos já nos permite reconstruir um fragmento do que se costuma
denominar “cultura das classes subalternas”, ou ainda “cultura popular”.
GINZBURG, C. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras,
1987, p.16 (com adaptações).
Sobre o exposto, pode-se afirmar que:
a. é possível se estudar História por meio uma multiplicidade
de fontes, tradicionais ou não, que dão conta de diversos aspectos da vida em
sociedade e que o uso dos documentos depende dos interesses de quem faz os
questionamentos e do sentido em que se olha, no caso, fragmentos ligados às
classes populares.
b. Para se estudar História
é preciso escolher bem as fontes, preferencialmente as clássicas, abordadas em
estudos consagrados.
c. As fontes de História
devem ser trabalhadas segundo rigorosos critérios analíticos que possibilitem
estabelecer padrões e recorrências em alguns setores sociais que serão
utilizados como formas de generalização para todos os setores sociais.
d. Nem todos os documentos
de origem popular são válidos, apenas aqueles que são comprovadamente
autênticos e chancelados pelas autoridades.
e. Os interesses sobre os
documentos não dependem de quem estuda, mas exclusivamente dos conteúdos
existentes nessas fontes.
Pergunta 4
1. Com as reformas vieram
as justificativas da salvação pela fé; a livre interpretação da Bíblia; a
aceitação de apenas dois sacramentos (batismo e eucaristia); a defesa da
consubstanciação (presença espiritual de Cristo na Eucaristia), que rejeita a
tese católica da transubstanciação (o pão e o vinho transformados em corpo e
sangue de Cristo); a utilização da língua nacional para a celebração do culto;
a submissão da Igreja ao Estado e a negação do culto às imagens dos santos e da
Virgem. Esses tratam-se de elementos fundamentais da Reforma:
a. Anglicana.
b. Calvinista.
c. Puritana.
d. Luterana.
e. Católica.
Pergunta 5
1. Como afirma Hobsbawn
(1975), “o ponto básico a respeito dos bandidos sociais é que são proscritos
rurais, encarados como criminosos pelo senhor e pelo Estado, mas que continuam
a fazer parte da sociedade camponesa e são considerados por sua gente como
heróis, como campeões, vingadores, paladinos da Justiça, talvez até como
líderes da libertação e, sempre, como homens a serem admirados, ajudados e
apoiados. É essa ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o
ladrão que torna o banditismo social interessante e significativo.”
A partir do exposto, pode-se afirmar que:
a. A visão legalista
oficial é a mais correta, pois leva em consideração preceitos discutidos e
aceitos por toda a sociedade.
b. De acordo com Hobsbawm,
tratam-se de criminosos comuns, sem qualquer interesse para os estudos
históricos.
c. Na sociedade existem
visões discordantes sobre eventos aparentemente simples, uma vez que a
construção do que é crime e de quem é criminoso implica em valores de determinados
grupos dominantes, mas também na reação de outros marginalizados.
d. Não existe ligação entre
os rebeldes e os camponeses, pois o camponês humilde procura viver dentro das
leis para evitar problemas com a Justiça.
e. A simples adoção de uma visão legalista, considerando os
cangaceiros apenas bandidos comuns não explica aspectos essenciais das
sociedades nas quais estiveram presentes e isso dificulta a construção de
explicações consistentes e não simplistas acerca de sua História.
Pergunta 6
1. Considere o exposto e
responda ao que se pede.
“A micro-história, da qual Carlo Ginzburg é um dos principais nomes,
ganhou expressão na década de 1980, principalmente na Itália. Ela propõe a
análise histórica a partir de observações de situações específicas, com a
exploração exaustiva das fontes. Os pesquisadores costumam focar aspectos da
vida cotidiana de indivíduos anônimos ou de comunidades, reconstruindo
microcontextos. O estudo de casos específicos, por indução, permite a
reconstrução e a compreensão de uma sociedade em determinada época. Essa
abordagem valoriza a redução na escala de observação do historiador e opõe-se à
historiografia do século XIX, como a positivista e a historicista, que visavam
à objetividade do relato histórico”. A ideia de análise histórica que melhor
define o trabalho de Ginzburg é:
a. A história totalizante
científica.
b. A meta-história
generalizante.
c. A micro-história vale-se de um método cirúrgico de análise.
d. A macro-história com um
método amplo de análise.
e. A história positivista
cientificista.
Pergunta 7
1. O século XIX foi um
momento de muitas referências históricas e assim “na Europa, a época medieval
foi fonte de inspiração para vangloriar a cultura e a identidade nacional. No
caso do Brasil, que não viveu a época medieval, esse sentimento de enaltecer o
passado e as origens voltou-se para os índios (Indianismo), o que marcou
principalmente a primeira geração de escritores e uma parte da produção de José
de Alencar, por exemplo. A partir da leitura do exposto, pode-se afirmar que:
a. a cultura histórica pode ser apropriada por determinados
grupos em momentos específicos, gerando mitos nacionais. Isso contribui para a
construção de imaginários bastante distintos dos elementos históricos presentes
na historiografia, mas que também representam um momento da História.
b. apenas em casos muito
específicos é que existem apropriações históricas e o exemplo do texto é único
na História do Brasil.
c. o Brasil teve sim
passado medieval, apenas os estudos históricos que trabalharam o feudalismo no
novo mundo caíram em desuso no século XIX.
d. não existe qualquer
ligação entre o herói medieval e o indígena, pois eles jamais se encontraram,
historicamente falando.
e. a construção de
imaginários históricos e sociais sempre decorre de manipulações conscientes de
conteúdos visando objetivos muito específicos, não guardando relações com o
momento presente, em que o discurso é feito apenas com o passado que é
referido.
Pergunta 8
1. Quando consideramos as
Reformas Religiosas, é preciso cuidado com generalizações. Elas são múltiplas e
ocorrem em diversas instituições, inclusive na Igreja Católica. Para além das
medidas objetivas adotadas em cada religião, podemos considerar a relevância das
mudanças no sentido social, vale dizer, histórico. Assinale a alternativa
correta.
a. As Reformas inserem-se
no contexto de transformações medievais, da Alta Idade Média para a Baixa Idade
Média, quando a Igreja Católica se reestruturou e se reforçou como instituição.
b. As Reformas não têm
qualquer ligação com a ascensão da burguesia, uma vez que são movimentos
exclusivamente religiosos.
c. As Reformas, apenas dos
confrontos iniciais, perderam rapidamente a capacidade de modificar visões de
mundo e se cristalizaram em visões tradicionalistas.
d. As Reformas se inserem em um contexto de transição que marcou
o início da Idade Moderna, quando houve uma ampliação nas explicações
religiosas e também uma intensificação de confrontos entre olhares antagônicos,
tais como guerras de religião e também perseguições no interior de países
europeus.
e. As Reformas se inserem
no contexto de final da Idade Moderna e início da Idade Contemporânea, quando a
burguesia já possuía poder social e passava a desejar o poder político
pertencente à Igreja Católica Apostólica Romana.
Pergunta 9
1. Sant´Ana (2005) levantou pontos que se evidenciam em livros
didáticos:
- nas ilustrações e nos textos, o negro pouco aparece e, quando aparece,
é representado em uma situação inferior à do branco;
- pouco se ilustra sobre a família negra;
- o discurso predominante é o de que a raça branca é mais bonita e mais
inteligente;
- índios e negros geralmente são citados no passado, como se não
existissem;
- os textos de História e de Estudos Sociais limitam-se a referências
sobre as contribuições tradicionais dos povos africanos.
No entanto, na atualidade existem muitas discussões e de acordo com
Silva (2001), “os currículos, programas, materiais e rituais pedagógicos
privilegiam os valores europeus em detrimento dos valores de outros grupos
étnico-raciais presentes na sociedade. Os valores desses grupos são, na maioria
das vezes, ocultados ou apresentados de uma forma tal que não coloque em
conflito os valores dominantes. Em consequência, as populações excluídas podem
vir a privilegiar os valores da história e cultura oficial como os únicos a
serem considerados, renegando os seus próprios valores, se o processo
pedagógico, o seu cotidiano e a sua cultura não favorecer-lhes oportunidades de
reflexão e reelaboração. “ Os PCN têm procurado superar tanto o discurso
preconceituoso quanto o da democracia racial e consideram que a educação democrática
deve se basear no estudo da diversidade étnica e no respeito às diferenças.
Para que haja o respeito, é necessário conhecer as contribuições das diversas
culturas. A Lei n. 10.639/2003 procurou valorizar os processos históricos de
resistência negra, estabelecendo a obrigatoriedade em todas as redes de ensino,
público e particular, o estudo da temática “história e cultura
afro-brasileira”. Determinou, ainda, uma revisão dos currículos a fim de
adequá-los às novas exigências (BRASIL, 2003).
Podemos considerar que a
“Pluralidade Cultural” passou
a. a fazer parte dos
modernos materiais, mas não dos discursos dos professores.
b. a fazer de parte de
conteúdos específicos nos conteúdos de algumas escolas.
c. a ser um tema transversal nas escolas.
d. a ser um tema opcional
nas escolas.
e. a ser objeto de
preconceito por parte de alguns educadores que se sentem obrigados a aceitar
“nomes da moda”.
Pergunta 10
1. Segundo Bosi (2006), “o
romance colonial de Alencar e a poesia indianista de Gonçalves Dias nascem da
aspiração de fundar, em um passado mítico, a nobreza recente do país, assim
como – mutatis mutandis – as ficções de W. Scott e de Chateaubriand rastreavam,
na Idade Média feudal e cavaleiresca, os brasões contrastados por uma burguesia
em ascensão”. Considerando essas observações, pode-se afirmar que,
a. o fenômeno é exclusivo
do Brasil.
b. o fenômeno não é exclusivo do Brasil.
c. o Brasil sempre imita a
Europa em todos os seus aspectos, não guardando jamais quaisquer traços
originais.
d. a nobreza do Império não
precisava se afirmar socialmente.
e. A burguesia em ascensão
no Brasil se fazia retratar como indígenas para reivindicar seu direito de
controlar politicamente o Brasil e assim expulsar todos os nobres que não
trabalhavam.
QUESTIONARIO II ESTUDOS DICIPLINARES X
Pergunta 1
1. A ideia de
multitemporalidade indica:
a. A necessidade de
multiplicar as mesmas observações lineares da história.
b. A ideia de usar as
mesmas ferramentas instrumentais, apenas mudando os nomes, daí multi.
c. Desconsideram-se as
noções de mudanças e permanências.
d. As novas abordagens históricas não adotam o conceito de tempo
linear e cronológico, voltando-se para as mudanças e as permanências; e, além
disso, a perspectiva temporal deixou de ser única.
e. A perspectiva temporal
foi completamente abandonada.
Pergunta 2
1. A partir de estudos
sobre a sociedade romana, Paul Veyne (1990) afirma que “encontramos em toda a
parte o que constitui o tormento dos libertos, sua incerteza quanto ao lugar
que realmente ocupam na sociedade; a escala das condições sociais não se
confundia com a hierarquia dos estatutos, e os libertos se situam nesse
desajuste. Sofrem de falta de legitimação. Têm a vida luxuosa que lhes permite
sua opulência; em Roma, os túmulos custosos, com retratos esculpidos, eram
seus, quando não dos nobres; por suas vestes, clientes, escravos, libertos,
jantares, imitam a alta sociedade, mas com a impossibilidade de nela ingressar,
pois, semicidadãos que são, não têm tal direito. O ‘Satiricon’, de Petrônio,
pinta com cruel lucidez sua existência de imitação. [...] E a alta sociedade
acha que sua imitação é sempre falha e ridiculamente traem-lhes a pretensão e a
tara: esnobe, esnobe e meio [...]”. Sobre isso, pode-se afirmar que:
a. Os romanos não
problematizavam sua sociedade.
b. Para os romanos, bastava
enriquecer que a mudança social estava garantia, junto com a aceitação de
todos.
c. Para os romanos, a organizaço social era complexa e atrelada
a condições jurídicas inflexíveis.
d. A imitação é respeitada
em todas as classes romanas, pois assim o modelo romano é perpetuado.
e. Não existia a noção de
semicidadãos, ou era romano com plenos direitos ou era escravo sem direitos.
Pergunta 3
1. Considerando os
processos de colonização e de independência no Novo Mundo americano, podemos
afirmar corretamente que:
a. São idênticos,
diferenciando-se depois no decorrer do século XIX.
b. São fundamentalmente
distintos e isso determinou os caminhos históricos dos países de fala inglesa e
os latinos.
c. A colonização de
povoamento era melhor que a de exploração, por isso os EUA se desenvolveram e o
Brasil, não.
d. As colonizações foram
distintas, mas as independências foram muito semelhantes e, assim, não podem
ser tomadas como explicações válidas.
e. Apesar de semelhanças, existem especificidades que não devem
ser escondidas sob palavras de ordem ou aparentes conceitos explicativos e
totalizantes, sendo necessário buscar dinâmicas internas e complexas ao invés
de reduções muito simplificadoras.
Pergunta 4
1. Leia o texto a seguir e
responda ao que se pede:
Ao se problematizar a produção do conhecimento histórico, as
representações do tempo, do passado e da ciência com que operamos, um novo
conceito de temporalidade se tornou possível: não mais de um tempo definido
aprioristicamente, em que o historiador inscreveria os acontecimentos, como num
filme linear, mas o tempo da experiência, do acontecimento em sua
singularidade, o que torna possível perceber que há diferença na repetição e
que trabalhamos com a multitemporalidade, em vez de restringirmo-nos a uma temporalidade
única. (ROSSI, V. L. S; ZAMBONI, E. Quanto tempo o tempo tem!. 2. ed. Campinas:
Alínea, 2005 – com adaptações).
De acordo com o exposto, podemos concluir que:
a. O tempo que o
historiador deve se referir é o cronológico.
b. As explicações lineares
são boas por serem familiares do grande público e, assim, dão segurança aos
historiadores.
c. O tempo é mais complexo do que as explicações lineares e que
se apoiam em visões que se pretendem ser objetivas e científicas, mas que
desconsideram a necessidade de se permitir ser influenciado por diversas
maneiras de explicar as histórias.
d. Não deveriam existir
várias maneiras de explicar história, pois isso confunde os estudantes e os
professores.
e. A visão positivista dá
segurança analítica, pois o aluno consegue situar os eventos em uma única
linha, não se perdendo em diferentes referências que questionam os conteúdos já
decorados.
Pergunta 5
1. Na segunda metade do
século XX, Braudel consolidou a Escola de Annales e tornou-se o principal
historiador francês e um dos precursores da teoria dos sistemas-mundo. De
acordo com Peter Burke (1997), Braudel realiza um movimento de “combinar um
estudo da longa duração com o de uma complexa interação entre o meio, a
economia, a sociedade, a política, a cultura e os acontecimentos”. Segundo
Braudel, todas as estruturas estão sujeitas a mudanças, mesmo que lentas, e a
visão do historiador deve ser ampla. A mudança de interesses dos intelectuais
dos Annales, da base econômica para a superestrutura cultural, foi intitulada
por Burke como um movimento “do porão ao sótão”. Na terceira geração, outros
nomes importantes, como Jacques Le Goff, construíram o que ficou conhecido como
“Nova História”. Nessa perspectiva, surge a história das mentalidades. Assinale
a alternativa correta.
a. A história das
mentalidades se define pelo contato com outras Ciências Exatas e pela separação
entre o individual e o coletivo.
b. A história das mentalidades não se define somente pelo
contato com as outras Ciências Humanas e pela emergência de um domínio repelido
pela história tradicional. Situa-se no ponto de junção do individual e do
coletivo, do longo tempo e do cotidiano.
c. A história das
mentalidades não se define somente pelo contato com as outras Ciências Humanas,
mas pela aceitação da história tradicional. Situa-se no ponto de divergência do
individual e do coletivo.
d. Ela desconsidera
temporalidades e coletividades, trabalhando especificamente os indivíduos.
e. Ela teve pouca
relevância no Brasil, uma vez que a matriz principal de nossa intelectualidade
acadêmica é norte-americana, muito distante desse pensamento das mentalidades.
Pergunta 6
1. O conhecimento histórico
pode ser construído com base em diferentes abordagens e formulações. Assim, as
teorias da história estudam as concepções em que se fundamentam as análises do
passado. A primeira concepção de história foi inspirada no Positivismo, de
Auguste Comte, e pregava a construção do passado por meios dos documentos
oficiais, com foco nos grandes acontecimentos e figuras. No início do século
XX, historiadores como Lucien Lebvre e Marc Bloch defenderam uma visão não
positivista da história e organizaram uma revista intitulada “Annales
d’histoire économique et sociale”. Os artigos publicados nesse veículo tinham
em comum a proposta de uma nova abordagem histórica e geraram um movimento que
ficou conhecido como “Escola dos Annales”. Sobre a Escola dos Annales, de
maneira geral, podemos afirmar que:
a. Nessa perspectiva, a
história procurou se isolar de outras áreas, ignorando influências externas.
b. Nessa perspectiva, a história procurou dialogar com outras
áreas, principalmente com as Ciências Sociais.
c. Foi uma retomada do
pensamento científico no século XIX, nos mesmos moldes positivistas.
d. Foi uma inovação marcada
por influências técnicas de áreas de Ciências Exatas, exclusivamente
quantitativistas.
e. O uso dos documentos
oficiais foi a única fonte aceita pelos historiadores dos Annales.
Pergunta 7
1. Paul Veyne (1990) aponta
três possíveis causas para que um indivíduo se tornasse escravo na sociedade
romana: ser prisioneiro de guerra, ser escravo por nascença ou se tornar
escravo por miséria. Assim, podemos afirmar que:
a. A escravidão na época era de origem racial como mais tarde
ocorreu em outras sociedades.
b. A escravidão na época não era de origem racial como mais
tarde ocorreu em outras sociedades.
c. A escravidão na época não
era comum entre os romanos ricos.
d. A escravidão romana era
rara e pouco interferiu na realidade social da República e do Império.
e. Veyne separa
hierarquicamente essas causas de escravidão, concluindo ser a escravidão de
origem racial presente e importante, não tanto quanto prisioneiros de guerra,
mas também significativa.
Pergunta 8
1. “A partir de 1930
ocorreu uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram os quadros
oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os
jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais. Desde cedo, o novo
governo tratou de centralizar em suas mãos tanto as decisões
econômico-financeiras quanto as de natureza política. Desse modo, passou a
arbitrar os diversos interesses em jogo. O poder de tipo oligárquico, baseado
na força dos Estados, perdeu terreno. As oligarquias não desapareceram, nem o
padrão de relações clientelistas deixou de existir. Um novo tipo de Estado
nasceu após 1930, distinguindo-se do Estado oligárquico.” (FAUSTO, B. História
concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002, p. 182)
A partir do exposto, assinale a alternativa que melhor caracteriza os
poderosos membros dessas oligarquias antes de 1930:
a. O coronelismo com uso da
violência e da influência pessoal de grandes proprietários rurais nos Estados.
b. O coronelismo com o
fortalecimento dos militares no Brasil republicano.
c. O tenentismo como
reafirmação dos poderes dos coronéis estaduais.
d. O uso do poder pessoal baseado na influência do carisma e na aceitação
da ajuda dos coronéis.
e. Cada estado era
completamente diferente um do outro, não existindo um possível padrão políticos
entre eles.
Pergunta 9
1. “A partir de 1930
ocorreu uma troca da elite do poder sem grandes rupturas. Caíram os quadros oligárquicos
tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os jovens políticos
e, um pouco mais tarde, os industriais. Desde cedo o novo governo tratou de
centralizar em suas mãos tanto as decisões econômico-financeiras quanto as de
natureza política. Desse modo, passou a arbitrar os diversos interesses em
jogo. O poder de tipo oligárquico, baseado na força dos Estados, perdeu
terreno. As oligarquias não desapareceram, nem o padrão de relações
clientelistas deixou de existir. Um novo tipo de Estado nasceu após 1930,
distinguindo-se do Estado oligárquico.”
(FAUSTO, B. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2002, p. 182)
A principal característica do Estado após 1930 quanto à relação com os
trabalhadores era:
a. Vargas derrubou as
oligarquias e, desde o início de seu poder, reprimiu violentamente os
trabalhadores urbanos.
b. Vargas incorporou os
trabalhadores em condição de igualdade social e econômica, para diminuir as
tensões sociais.
c. Vargas “teve por
objetivos principais reprimir os esforços organizatórios da classe trabalhadora
urbana fora do controle do Estado e atraí-la para o apoio difuso ao governo”,
concedendo direitos e controlando os trabalhadores.
d. Vargas ignorou
completamente as demandas trabalhistas, concedendo uns poucos direitos,
extintos logo em seguida.
e. Vargas incorporou tantos direitos trabalhistas que
rapidamente foi acusado de comunista.
Pergunta 10
1. “Pronto! A explicação é
perfeita! Somos pobres porque fomos fundados pela escória da Europa! Os Estados
Unidos são ricos porque tiveram o privilégio da colonização de alto nível da
Inglaterra. Adoramos explicações polares: Deus e o diabo, povoamento e
exploração, preto e branco. Os livros didáticos consagram isso e o bloco
binário povoamento-exploração penetrou como um amplo e lógico conceito em
muitos corações. Os EUA foram destinados por Deus ao sucesso e os latinos
condenados ao fracasso pelo peso da origem histórica. Ambos deixavam de ser
agentes históricos para serem submetidos ao peso insuperável da vontade divina
e da carga do passado.”
(KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século
XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010, p. 26)
Leandro Karnal problematiza o modelo de abordagem dicotômica, recorrente
nos conteúdos didáticos, envolvendo as colonizações ibérica e inglesa e os
respectivos padrões de exploração e de povoamento implementados pela metrópole
no continente. Seguindo a lógica do autor, é possível superar essa dicotomia
com:
a. Uma abordagem não simplista que deve considerar o papel de
agentes históricos em redes complexas de fatores e acontecimentos.
b. Mais estudos
psicológicos acerca do caráter brasileiro e do caráter norte-americano.
c. Uma abordagem mais
moderna e que considera, por exemplo, aspectos ocultos para o grande público e
que apenas dos intelectuais treinados são capazes de compreender.
d. A aceitação da
superioridade norte-americana.
e. A recusa absoluta de se
discutir esses aspectos que são apenas preconceitos sedimentados.
QUESTIONARIO TI ESTUDOS DICIPLINARES X
Pergunta 1
1. No contexto da aurora da
modernidade, a Reforma Calvinista:
a. Quebrou o monolitismo católico na Europa ocidental.
b. Ignorou anseios
burgueses capitalistas.
c. Entrou em acordo com a
Igreja Católica rapidamente.
d. Pregou a salvação pela
fé.
e. Estabeleceu o tribunal
do Santo Ofício.
Pergunta 2
1. Para Hobsbawn, o que
torna o cangaceiro atraente aos olhos populares?
a. A aliança do cangaço com
fazendeiros.
b. A derrota do governo
pelos cangaceiros.
c. A aliança dos
cangaceiros com a Igreja.
d. A ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o
ladrão.
e. O poder político dos
cangaceiros.
Pergunta 3
1. “Caíram os quadros
oligárquicos tradicionais; subiram os militares, os técnicos diplomados, os
jovens políticos e, um pouco mais tarde, os industriais.” A partir de 1930,
isso significou:
a. A manutenção da velha
ordem.
b. A modernização do Estado
dentro de padrões oligárquicos.
c. A modernização do Estado
fora dos padrões oligárquicos coronelísticos anteriores.
d. A construção do Estado
comunista.
e. A muito rápida
aceleração industrial na década de 1930.
Pergunta 4
1. “Não mais de um tempo
definido aprioristicamente, em que o historiador inscreveria os acontecimentos,
como num filme linear, mas o tempo da experiência, do acontecimento em sua
singularidade, o que torna possível perceber que há diferença na repetição”
(ROSSI, V. L. S; ZAMBONI, E. Quanto tempo o tempo tem!. 2. ed. Campinas:
Alínea, 2005 – com adaptações).
De acordo com o exposto, podemos concluir que:
a. Pode-se trabalhar na perspectiva da multitemporalidade.
b. Pode-se trabalhar na
perspectiva da unitemporalidade.
c. Pode-se trabalhar na
perspectiva da linear histórica.
d. Na repetição é tudo
idêntico.
e. Jamais qualquer aspecto
se repete.
Pergunta 5
1. Em sua obra “Satiricon”,
Petrônio trata dos libertos que “sofrem de falta de legitimação. Têm a vida
luxuosa que lhes permite sua opulência; em Roma, os túmulos custosos, com
retratos esculpidos, eram seus, quando não dos nobres; por suas vestes,
clientes, escravos, libertos, jantares, imitam a alta sociedade, mas com a
impossibilidade de nela ingressar, pois, semicidadãos que são, não têm tal
direito. O “Satiricon”, de Petrônio:
a. É apenas uma comédia.
b. Pinta com cruel lucidez
a existência da escravidão.
c. Pinta com nenhuma
lucidez sua existência de imitação.
d. Pinta com cruel lucidez
sua existência de imitação.
e. Pinta com alegria a
riqueza em Roma.
Pergunta 6
1. Ginzburg diz em “O
queijo e os vermes”, “Este livro conta a história de um moleiro friulano,
Domenico Scandella, conhecido como Menocchio – queimado por ordem do Santo
Ofício, depois de uma vida transcorrida em total anonimato. A documentação dos
dois processos abertos contra ele nos dá um quadro de suas ideias e
sentimentos, fantasias e aspirações. Outros documentos nos fornecem indicações
sobre suas atividades econômicas, sobre a vida de seus filhos. Temos também
algumas páginas escritas por ele mesmo e uma lista parcial de suas leituras
(sabia ler e escrever)”.
Como esses elementos o autor conclui que:
a. Não é possível escrever
história com tão poucos elementos.
b. Esse tipo de explicação
sempre será incompleta.
c. O termo cultura popular
nesse caso é pejorativo.
d. O que temos em mãos já nos permite reconstruir um fragmento
do que se costuma denominar “cultura das classes subalternas” ou, ainda,
“cultura popular”.
e. A partir da cultura
popular, Ginzburg ignora a importância de outros grupos.
Pergunta 7
1. “Pronto! A explicação é
perfeita! Somos pobres porque fomos fundados pela escória da Europa!
Os Estados Unidos são ricos porque tiveram o privilégio da colonização
de alto nível da Inglaterra.”
(KARNAL, L. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século
XXI. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010 p. 26).
A frase inicial de Karnal indica:
a. Concordância do autor.
b. Dúvida do autor.
c. Indiferença do autor.
d. Racismo do autor.
e. Crítica do autor.
Pergunta 8
1. Os trabalhos de Carlo
Ginzburg podem ser inscritos como micro-história. Uma de suas características
é:
a. Serem exclusivamente
políticos.
b. Escrever pouco.
c. Que pesquisadores costumam focar aspectos da vida cotidiana
de indivíduos anônimos ou de comunidades, reconstruindo microcontextos.
d. Ignorarem a vida
cotidiana.
e. Relativizarem quaisquer
valores de quaisquer sociedades.
Pergunta 9
1. Um marco político do
regime estabelecido por Vargas, em 1930, foi:
a. Desde cedo, o novo governo tratou de centralizar em suas
mãos tanto as decisões econômico-financeiras quanto as de natureza política.
Desse modo, passou a arbitrar os diversos interesses em jogo.
b. Vargas demorou vários
anos para se firmar como líder de todos os brasileiros, sendo constantemente
atacado por São Paulo até a década de 1940.
c. Vargas buscou no povo
comum pessoas para construir o novo governo.
d. Foi mantida a
descentralização do Poder Executivo.
e. Vargas se concentrou na
política e se isentou de quaisquer outras discussões.
Pergunta 10
1. Na abertura de
“Casa-grande e senzala”, um poema do próprio autor (Gilberto Freyre) mostra a
visão que norteia sua análise: “Eu ouço as vozes/ eu vejo as cores/ eu sinto os
passos/ de outro Brasil que vem aí/ mais tropical/ mais fraternal/ mais
brasileiro”. Isso pode ser interpretado como:
a. Fruto do fracasso dos
debates em história.
b. Crítica à existência da
miscigenação.
c. Apologia do
branqueamento.
d. Mostra a miscigenação; o autor assume uma visão de certa
forma idealizada, sem destacar aspectos da dominação embutida no processo.
e. Uma retomada do
pensamento de Tom Jobim.